por Giovanna Canever e Ralph Menezes.
Ao analisar os eventos climáticos que ocorreram recentemente ao redor do mundo, como neve no sul do Brasil, temperaturas próximas aos 50ºC no verão canadense, enchentes na Alemanha e incêndios nas florestas da Sibéria, é perceptível que o aquecimento global e as mudanças climáticas estão cada vez mais afetando a vida da população. Ressalta-se que o Efeito Estufa é um fenômeno natural, e que sua ocorrência é inevitável no planeta, no entanto, o modo de vida adotado pela humanidade, com a utilização de combustíveis fósseis em larga escala, contribui para aceleração deste fenômeno. Nesse quesito, cabe a nós, como sociedade, buscar alternativas para mitigar os efeitos dos nossos próprios hábitos de consumo.
Dentre as possibilidades existentes, tem-se a transformação das nossas atividades econômicas de um processo linear para um processo circular.
Nas economias circulares, ao contrário das economias lineares, os resíduos dos processos e resultantes do consumo são reaproveitados e podem ser utilizados como insumo para diversas cadeias produtivas e até mesmo como combustível para geração de eletricidade. Essa reutilização resulta em diversos benefícios, especialmente para o meio ambiente.
Os projetos que transformam os resíduos sólidos urbanos em calor, vapor, eletricidade ou em combustíveis gasosos ou líquidos são conhecidos como Waste-to-Energy (WtE), sendo que as tecnologias existentes podem ser aplicadas a resíduos semissólidos, a líquidos, gasosos e a Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), sendo a aplicação mais comum. Atualmente, a tecnologia de processamento de RSU mais conhecida é a incineração por meio de plantas que geram calor e eletricidade.
No entanto, para que seja viável implementar esses projetos, são necessários incentivos econômicos por parte dos governos municipal, estadual e federal. O custo de operação de uma unidade de WtE é muito maior que o de um aterro sanitário, e com o valor atual da energia no Brasil, a receita advinda da venda de EE e calor não compensa o investimento e os custos de O&M da planta. Para tornar-se viável, faz-se necessário algum incentivo com foco ambiental. Algumas possibilidades são:
- aumentar do valor da EE oriunda de WtE, com obrigação de compra para indústrias poluentes
- taxa no custo de aterramento
- incentivo direto para destinação a WtE ao invés de aterro
- obrigação de instalação de WtE para municipalidades e consórcios que atendem regiões com mais de X habitantes
Mas como ocorre a geração de energia elétrica por meio de tecnologias WtE?
O aproveitamento dos resíduos sólidos pode ocorrer por meio de combustão, digestão anaeróbica e gaseificação.
- Combustão: recuperação de energia térmica gerada na queima do lixo. O calor aquece uma caldeira e o vapor movimenta uma turbina acoplada ao gerador. A utilização da combustão de RSU contribui para redução do volume de lixo enviado aos aterros em até 95% e para redução na emissão de gases do efeito estufa. No entanto, a operação pode se tornar inviável com resíduos de baixo poder calorífico e há um elevado custo de O&M.
- Digestão Anaeróbica: é um processo bioquímico feito em digestores, em que a degradação da matéria é feita por microrganismos anaeróbicos na ausência de oxigênio. Como resultado, tem-se a produção de biogás e compostos. É o processo que naturalmente ocorre em um aterro sanitário. O biogás produzido do processo é geralmente utilizado em motores de combustão interna acoplados a geradores para a produção de eletricidade.
- Gaseificação: é realizado o aquecimento dos resíduos a temperaturas superiores à 700º C em um ambiente com pouco oxigênio, para que não ocorra a combustão. O gás resultante do processo pode então ser utilizado para geração de energia.
Com o intuito de mudar essa realidade e recuperar energia do lixo urbano e industrial, garantindo uma alternativa ao descarte dos resíduos, algumas iniciativas vem sendo tomadas. Após a aprovação do novo marco regulatório do saneamento, deferido pelo Congresso, o MME passou a habilitar usinas que utilizam resíduos sólidos urbanos (lixo) para participação dos leilões regulados de energia.
De acordo com matéria publicada pelo O Globo em maio de 2021, cerca de 96% dos resíduos vão para aterros sanitários, sem qualquer tipo de tratamento. Em mapeamento realizado pela Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), cerca de 80 milhões de toneladas de lixo poderiam ser utilizados como combustível para a geração de energia elétrica. Estima-se que 120 unidades geradoras poderiam produzir eletricidade a partir do lixo gerado nas regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes, totalizando uma potência instalada de até 2.358 MW. Além da geração de energia e da enorme contribuição ao meio ambiente, há também a geração de emprego e renda, com cerca de 24.000 vagas na fase de construção e cerca de outras 9.000 para operação dos empreendimentos.
Ressalta-se aqui também os custos que o lixo representam para as prefeituras. De acordo com o mapeamento da Abren, o brasileiro produz 1kg de lixo por dia e isso implica num custo de R$ 2,4 bilhões em questões ambientais por ano.
No momento, o custo para geração de energia a partir de RSU ainda é caro por se tratar de uma fonte em desenvolvimento no Brasil. No entanto, com o incentivo por meio de políticas públicas e o desenvolvimento de novas tecnologias, estima-se que os custos para essa fonte reduzirão ao longo dos anos, aumentando ainda mais a viabilidade desses projetos.
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