O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) publicou no dia 7 de agosto de 2024 uma nota informativa com as condições de oferta de energia no Brasil. A falta de chuvas tem forçado os gestores do setor a encontrar soluções que garantam, sobretudo, o suprimento nacional de energia até chegada do próximo período úmido em novembro.
O Operador Nacional do Sistema (ONS) já sinalizou que utilizará termelétricas e energia da Argentina e do Uruguai “para fins de complemento ao atendimento à ponta de carga”. Além disso, o órgão está convocando grandes consumidores industriais a deslocarem a demanda em troca de uma remuneração, modelo conhecido como resposta voluntária da demanda (RVD).
A situação mais crítica, porém, está no subsistema Norte, “que tem enfrentado um cenário de poucas chuvas desde o segundo semestre de 2023.” A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) já declarou situação de escassez hídrica nos rios Madeira (RO/AM) e Perus (AC/AM). A tendência é que a situação piore ao longo dos próximos meses.
“O CMSE recomendou ao ONS que adote medidas preventivas para garantir a continuidade e a segurança do suprimento eletroenergético dos estados afetados”, diz a nota informativa divulgada pelo próprio órgão.
“A recomendação prevê a mobilização dos agentes de geração e de transmissão para garantir máxima disponibilidade durante o período seco de 2024, incluindo, dentre outras, a minimização do despacho das usinas hidrelétricas da região Norte, de acordo com a necessidade eletroenergética do SIN, com o intuito de preservação do recurso para atendimento à ponta de carga nos meses de outubro e novembro/2024, além de manter o monitoramento diário das condições da Bacia do Rio Madeira”, completa o CMSE
CMSE: situação dos reservatórios e afluências
Julho terminou com 66% de capacidade de armazenamento de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN). No entanto, a previsão para agosto aponta para queda no nível dos reservatórios para 58,8%, isso no cenário mais favorável.
Em relação à Energia Natural Afluente (ENA), foram verificados valores abaixo da média histórica no Sudeste/Centro-Oeste (59% da MLT), Nordeste (43% da MLT) e Norte (51% da MLT). A exceção foi a região Sul, com ENAs de 179% da Média de Longo Termo.
Para agosto, a indicação é de ENAs abaixo da média em todos os subsistemas. A previsão para o Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sul é de 56%, 44%, 49% e 74% da MLT, respectivamente.
A ENA representa as chuvas que chegam até os reservatórios das hidrelétricas com potencial de gerar energia. A MLT representa a medição histórica de 94 anos de acompanhamento das ENAs.
Expansão da Geração e Transmissão
Em julho, entraram em operação 875 MW (megawatts) de capacidade instalada centralizada no SIN, totalizando 6.626 MW ao longo de 2024.
Na transmissão, por outro lado, foram instalados 305 km de linhas e 1.159 MVA (megavolt-ampères) de capacidade de transformação em julho. No ano, portanto, são 2.344 km de linhas de transmissão e 8.980 MVA de capacidade de transformação implantados.