Por que a falta de chuvas faz o preço da energia subir? 

Por que a falta de chuvas faz o preço da energia subir? 

Time Simple
capa regulatorio 08.07
capa regulatorio 08.07

Você já percebeu que sempre que chove pouco o preço da energia aumenta? Nesta edição do resumo regulatório, vamos explicar a relação entre esses dois fatores e os diferentes impactos no Mercado Livre e Regulado. 

A matriz elétrica brasileira é composta por um mix de tecnologias, como hidrelétrica, termelétrica (fóssil, nuclear, biomassa e biogás), eólica e solar fotovoltaica. Juntas, elas somam mais de 230 gigawatts de potência (jun/2024).  

Apesar dessa diversidade, a tecnologia preponderante no país é a hidrelétrica, representando pouco mais de 50% do total de energia disponível. 

Existem pelo menos quatro categorias de hidrelétricas: 

  • Hidrelétricas com reservatórios de armazenamento de água, como Itaipu. 
  • Hidrelétricas a fio d’água (sem reservatório), como Belo Monte. 
  • Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), que podem ter um pequeno reservatório ou nenhum, e geralmente têm no máximo 30 megawatts de potência. 
  • Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), com potência até 1 MW, normalmente sem reservatórios. 

Os reservatórios das hidrelétricas são fundamentais para o funcionamento do setor elétrico. Eles armazenam grandes quantidades de energia quando chove muito e garantem o suprimento ao longo do ano.  

No Brasil, os reservatórios estão divididos em quatro subsistemas: Norte, Nordeste, Sul e Sudeste/Centro-Oeste. O subsistema Sudeste/Centro-Oeste representa cerca de 70% da capacidade de armazenamento de energia do país. 

Termos técnicos importantes: 

  • Energia Natural Afluente (ENA): quantidade de água que chega aos reservatórios com capacidade de gerar energia. 
  • Média de Longo Termo (MLT): média histórica de afluência baseada em milhares de cenários para um determinado período. 
  • Energia Armazenada (EAR): quantidade de energia armazenada em um determinado subsistema. 

A capacidade de produção de energia ser majoritariamente proveniente das hidrelétricas faz com que a oferta de energia do país dependa da quantidade de chuvas, sobretudo no período úmido (novembro a abril). 

Em 2021, o Brasil enfrentou a maior crise hidrológica dos últimos 90 anos. A falta de chuvas obrigou o Operador Nacional do Sistema (ONS) a aumentar a produção de termelétricas fósseis, encarecendo o preço da energia.  

Naquele ano, os preços de energia dispararam no Mercado Livre e a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) criou a bandeira tarifária Escassez Hídrica, que imputava custos ainda mais elevados para os consumidores do Mercado Cativo.  

A bandeira Escassez Hídrica vigorou de setembro de 2021 até abril de 2022, quando a bandeira verde foi reestabelecida devido à melhora no cenário hidrológico. Desde então, o Brasil permaneceu com bandeira verde até junho de 2024. 

No Mercado Livre, a falta de chuvas impacta imediatamente os preços de energia de curto e longo prazo, além dos encargos setoriais. No Mercado Cativo, esse custo adicional é percebido através do acionamento das bandeiras tarifárias nas cores Amarela, Vermelha 1 e Vermelha 2.  

Cenário hidrológico de 2024 

O último período chuvoso (novembro 2023 a abril de 2024) não foi tão bom quanto os anteriores, o que acendeu o sinal de alerta no setor.  

Diante desse cenário, após 26 meses de bandeira verde, a ANEEL voltou a acionar a bandeira tarifária amarela. A previsão de chuvas abaixo da média até o final do ano e a expectativa de crescimento da carga e do consumo de energia no mesmo período justificaram a medida. O inverno com temperaturas superiores à média histórica do período também contribui para a operação das termelétricas, que têm energia mais cara que as hidrelétricas. 

A volatilidade de preços de energia voltou ao Mercado Livre, principalmente devido à expectativa de um período seco (maio a outubro) mais rigoroso e ao possível atraso das chuvas no próximo período úmido. Além disso, existe a possibilidade de formação do fenômeno La Niña, que costuma alterar os volumes de chuvas. 

Segundo a última reunião (03/07) do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), em junho foram verificadas ENAs abaixo da média histórica nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste (56% da MLT), Nordeste (41% da MLT) e Norte (51% da MLT). O subsistema Sul foi o único a apresentar condições superiores à média histórica, com cerca de 153% da MLT. 

Para julho, a previsão é que a afluência no Sistema Interligado Nacional (SIN) fique em 54% da MLT, sendo o menor valor para o mês em um histórico de 94 anos. No melhor cenário, as afluências devem ficar em 64% da MLT no SIN, sendo o terceiro menor valor para um histórico de 94 anos. 

“Estamos trabalhando em busca de soluções criativas e possíveis para aumentar a disponibilização dos nossos recursos, como fizemos ao reduzir a vazão das hidrelétricas de Jupiá e Porto Primavera, no Rio Paraná, conservando os reservatórios durante este período seco e evitando o despacho das térmicas. Também estamos avançando nos investimentos em várias obras no país e na modernização do parque elétrico, buscando sempre o equilíbrio entre modicidade tarifária e segurança energética”, afirmou o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. 

Embora o cenário hidrológico deste ano mereça atenção, a quantidade de energia armazenada nas hidrelétricas proporciona certo conforto e, por isso, não há risco de desabastecimento de energia como em 2021. 

Conclusão 

A relação entre a quantidade de chuvas e o preço da energia no Brasil é evidente e significativa. A matriz elétrica brasileira, predominantemente composta por hidrelétricas, depende fortemente dos níveis de precipitação, especialmente no período úmido.  

A crise hidrológica de 2021 demonstrou como a escassez de chuvas pode elevar drasticamente os preços de energia, tanto no Mercado Livre quanto no Mercado Cativo, levando à implementação da bandeira tarifária de Escassez Hídrica pela ANEEL. 

Em 2024, o setor enfrenta novamente um cenário preocupante devido à previsão de chuvas abaixo da média e à possível formação do fenômeno La Niña. Essa situação tem levado a ANEEL a acionar a bandeira amarela após um longo período de estabilidade com a bandeira verde. 

Apesar dos desafios atuais, o Brasil possui uma quantidade considerável de energia armazenada nas hidrelétricas, o que proporciona um certo nível de segurança e minimiza o risco de desabastecimento.  

No entanto, é essencial que o setor continue investindo em soluções criativas e na modernização do parque elétrico para garantir a segurança energética e a modicidade tarifária. Dessa forma, é possível enfrentar períodos de escassez hídrica com maior resiliência e minimizar os impactos nos preços de energia para os consumidores. 

Assine a #SimpleNews

Acompanhe o que acontece de mais importante do setor elétrico com análises e opiniões de especialistas.

Muitos gestores estão ávidos por formas de economizar energia elétrica na empresa….

Veja como explorar as vantagens dos Contratos de Longo Prazo no mercado…

Os contratos de energia no Mercado Livre as condições são totalmente negociáveis…

Sua empresa pode obter diversos benefícios ao garantir que a energia elétrica…

Entender o que é e como funciona o Mercado Livre de Energia…

Após meses de análise, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) concluiu…