O acesso à energia elétrica é um direito de todos os brasileiros. Ainda assim, milhares de famílias têm acesso restrito ou nenhum acesso à eletricidade no país.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), existem 3 milhões de consumidores no país que só têm acesso à energia graças ao que chamamos de Sistemas Isolados. No entanto, o fornecimento é precário, caro e altamente danoso ao meio ambiente.
No resumo regulatório desta semana vamos explicar o que são os Sistemas Isolados, como funciona, quanto custa e muitas outras informações que vão ampliar o seu conhecimento sobre o setor elétrico.
Aqui você vai encontrar:
- o que são os sistemas isolados;
- quantas comunidades isoladas existem no Brasil;
- quanto custa a energia nos sistemas isolados;
- onde estão localizados os sistemas isolados;
- qual é o perfil de consumo dos sistemas isolados;
- qual é o impacto ambiental dos sistemas isolados;
- impacto na COP30.
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O que são os Sistemas Isolados?
Os Sistemas Isolados (SISOL) são regiões do Brasil que estão desconectadas do Sistema Interligado Nacional (SIN). O SIN é uma infraestrutura elétrica das mais robustas do mundo que permite que a energia produzida em diferentes regiões do país chegue com segurança, qualidade e continuidade para quase todos os estados, exceto Roraima.
Em outras palavras, o SISOL são áreas isoladas por falta de conexão à infraestrutura principal do setor elétrico.
Quantas comunidades isoladas existem no Brasil?
Segundo a EPE, existem 196 comunidades isoladas no Brasil, impactando uma população de 3 milhões de consumidores que quando têm acesso à energia elétrica é graças aos pequenos grupos geradores movidos a óleo diesel.
A logística nessas regiões é extremamente difícil, o que faz os custos de fornecimento de óleo diesel serem muito elevados, ainda que o consumo de energia no SISOL seja de apenas 0,53% da demanda nacional.
Quanto custa a energia nos Sistemas Isolados?
Uma outra característica dos Sistemas Isolados é que a população dessas localidades tem baixa capacidade de arcar com os altos custos de eletricidade.
A solução encontrada pelo Governo Federal foi ratear esses custos com todos os consumidores de energia do país. Isso significa que na sua conta de luz você paga pela energia fornecida aos consumidores do Sistemas Isolados.
Ao longo dos anos essa conta só cresceu, gerando grande preocupação do governo com o impacto desses custos nas tarifas. Para se ter uma ideia, o encargo criado para cobrir esses custos chegará a quase R$ 12 bilhões em 2024. O nome desse encargo é Conta de Consumo de Combustíveis (CCC).
A boa notícia é que o número de localidades isoladas teve redução de 23% em 2023 na comparação com 2022, em razão de políticas públicas para conectar essas regiões ao SIN.
A previsão é que mais 40 SISOLs sejam interligados ao SIN até 2028, de acordo com a EPE. A partir de 2026, também é esperado que o estado de Roraima esteja conectado ao SIN através do Linhão Manaus-Boa Vista.
Onde estão localizados os Sistemas Isolados?
As 196 comunidades isoladas estão distribuídas pelos estados do Amazonas (97), Roraima (58), Pará (19), Rondônia (13), Acre (7), Amapá (1) e Pernambuco (1). Veja que quase todos SISOLs estão na região Norte.
Qual é o perfil do consumo dos Sistemas Isolados?
O consumo de energia nas comunidades isoladas é majoritariamente composto por clientes residenciais (55,2%), em seguida vem os setores comerciais e serviços (19,2%), outros consumos (18,2%), industrial (4,5%) e rural (2,9%).
Qual é o impacto ambiental dos Sistemas Isolados?
Além do alto custo, outro aspecto negativo dos Sistemas Isolados é o impacto ambiental por conta do uso de combustíveis fósseis para gerar energia elétrica em um dos ecossistemas mais sensíveis da Amazônia.
Em 2022, cerca de 79% da geração de energia nesses sistemas era proveniente de usinas a óleo diesel, além de 14% de usinas a gás natural, 6% de termelétricas a biomassa e 1% de hidrelétricas.
O fato é que o governo federal tem implementado ações para reverter esse cenário e os resultados, ainda que tímidos, já apareceram em 2023.
No entanto, as fontes fósseis ainda representam 90,7% da matriz de geração dos SISOLs, somando diesel (69%) e gás natural (21,7%). A participação da biomassa/biodiesel subiu de 6% para 8%, a hidro foi para 1,1% e a solar aparece com 0,2%.
A EPE estima que foram gerados 3.773 gigawatts-hora em 2023, totalizado 2,43 milhões de toneladas equivalentes de carbono. O fator médio de emissões foi de 0,4 tCO2/MWh no SIN contra 0,64 tCO2/MWh no SISOL.
“A relevante participação do óleo diesel faz com que a geração nos Sistemas Isolados resulte em níveis médios de emissão significativamente superiores aos do Sistema Interligado Nacional”, diz a EPE.
Impacto na COP30
O tema ganhará mais relevância nos próximos dois anos. O Brasil sediará a Conferência das Partes (COP 30), em Belém, no Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025.
Ter o óleo diesel como principal fonte de energia dos Sistemas Isolados cria um teto de vidro para um país que pretende se tornar líder na transição energética.
Em agosto passado, o Ministério de Minas e Energia (MME) lançou o programa de descarbonização Energias da Amazônia, que prevê R$ 5 bilhões para investir em fontes renováveis nas áreas do SISOL.
Entre as ações estão:
- instalar redes de transmissão e distribuição para interligar os Sistemas Isolados ao SIN;
- construir usinas para gerar energia renovável, como biomassa, solar, biocombustíveis, biogás e aproveitamento de resíduos;
- implementar programas de eficiência energética; importar energia elétrica da Venezuela para reduzir os custos de geração, entre outras.
A meta é reduzir as emissões de carbono em 1,5 milhão de toneladas.
Clique aqui para ler o Planejamento do Atendimento aos Sistemas Isolados – Ciclo 2023
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Conhecer como funciona os Sistemas Isolados expõe desafios a serem superados no setor elétrico brasileiro.
Com vimos, existe uma população brasileira que enfrenta dificuldades para ter acesso à energia elétrica. O atendimento aos Sistemas Isolados é precário e gera um grande impacto ambiental.
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